Minha pessoa caminhava em uma rua escura, com uma lâmpada em intervalos de vários metros, deixando um aspecto sombrio naquela condução. Não havia carros, muitos menos alguma forma de viva, havia janelas nos prédios, porém nenhuma luz ousava existir nos vitrais. Caminhei por um tempo, era uma selva de concreto sombria, confesso que aquilo me dava medo. Parei para descansar, já havia um tempo que eu estava caminhando, porém minha noção de tempo havia se perdido, pelo que eu sei aqui pode-se passar algumas horas... Mas no mundo real seria alguns poucos minutos. Entretanto, algo me fez desviar o olhar para o céu, uma luz cruzou meu olhar rapidamente, até pensei que era algo despencando do celeste em minha direção, mas minha vista se encanta por uma linda torre avermelhada, iluminada por diversos holofotes que a deslumbravam mais ainda, atrás dela a lua cheia a cultuava como uma deusa. Não sabia a razão, mas eu possuía levemente a certeza de que eu já estive aqui, mas não quando... Decidi então rumar à torre, além disso era o único lugar dessa vasta cidade em que a luz era mais concentrada, e o único que me transmitia
segurança. Caminhei então por alguns quarterões, até que com clareza eu podia ver toda a estrutura da bela torre. Em rasos passos, usando o Shunpou me aproximei mais ainda da torre, eu já estava abaixo dela buscando um meio de escalar a estrutura. Olhei para os lados, fitando cada detalhe ao máximo. Ao retornar meu olhar ao centro, uma escada caracol se desenrolou do topo até a base do solo, me encantei com tal acontecimento, aparentava ser segura, portante a subi sem transmitir preocupação à mim mesma. Eu não havia percebido, mas foi uma caminhada longa, parecia uma montanha sem fim, mas em fim cheguei à seu ponto mais alto, um deslumbrante mirante que dava visão para a vasta cidade sombria, além disso, permitia a visão de uma encantadora e brilhante lua que cultuava a estrutura que formava a torre de cor escarlate. Olhei em volta, e não encontrei nenhuma figura presente. Mas quando retornei meu olhar a lua. Uma garota estava de pé sobre a grade de segurança, eu não sabia dizer se ela iria pular, ou só estava a admirar a lua cheia. Seus cabelos cintilavam com uma leve brisa noturna, uma brisa confortante que paira em quentes noites do verão. Olhei apreensiva, cada vez mais figuras surgiam à minha frente, tentei dizer algo mas minha voz se calou diante de minha vontade. Me aproximei. A garota notara minha presença e se virou, por um instante pensei que ela cairia, mas parecia que ela estava presa à aquela grade. Ela sorriu e saltou à minha frente, pairando no ar e aterrissando levemente. Tentei falar novamente, minha voz rompeu o silêncio claramente.
-Quem é você? Oque é esse lugar? . - Perguntei calorosamente sem medo.
A garota sorriu novamente, ela deu a costas a mim e riu sadicamente. Ela estendeu os braços, como se abraçasse a lua.
-Eu sou a sua força, a sua segunda personalidade, a sua segurança, a sua coragem, a sua astucia, a sua perspicácia, a sua lâmina... Eu sou Hoshikudaki Ryuetsu. - Ela disse ainda "abraçando o luar".
Meus olhos fitaram aquela garota de forma espantosa. Ela realmente estava dizendo que era minha Zanpakutou? Ela realmente disse que era a segunda pessoa à conviver em meu corpo nos momentos em que eu me descontrolava? Bah! De certa forma eu não estava louca nem ao menos surda, eu havia ouvido aquilo, acho que a surpresa foi tanta que tive que me perguntar por algum tempo se ela realmente profetizou tais palavras em relação a minha pessoa.
-Muito bem eu acredito em suas palavras, além do mais eu estou nesse lugar dentro de mim... Mas por favor me diga, que lugar é este. - Perguntei curiosa.
Ela abaixou os braços, e olhou pra mim desapontada, mas sorriu em seguida, seu sorriso era algo estranho, pois a todo momento antes de iniciar suas respostas ela sorria, poderia estar tentando transmitir algum tipo de confiança? De certa forma, confiança alguma estava sendo transmitida, eu estava ficando mesmo é constipada com esse momento estranho. Porém meus pensamentos foram interrompidos, com a resposta da garota.
-Tola, esse lugar é Tokyo... . - Disse ela estendendo o braço, mostrando toda a extensão da cidade. - Na verdade é apenas uma réplica da metrópole verdadeira.
Agora eu tinha absoluta certeza! Minha Zanpakutou é louca! Tokyo? Nunca pisei nesse lugar em toda minha vida, com certeza ela deve estar tentando me deixa paranoica.
-Acho que devo dizer que tola é você minha cara! Deveria é me respeitar, ou ao menos me reconhecer, tola é você! Se pelo que sei nunca pisei nesta terra. - Digo com astúcia, confrontando-a.
Ela olhou-me irritada por um tempo, mas logo me olhou de lado, de certa forma me menos prezando, com aquele tipo de pensamento como: "Quem ela pensa que é?". Porém ela logo disse claramente.
-Caso não saiba o suficiente de mim lhe contarei. Convivi com samurais do Japão durante séculos, ouvi histórias, conheci lugares, vi a história ser feita. Fui conhecida por toda esta terra, como a katana que trazia a desgraça... Aquela que pode destruir estrelas, aquela que bebe o sangue... Hoshikudaki Ryuetsu... Assim sendo... A destruidora de estrelas sangrenta. Mas irei te revelar, já que agora percorri as eras, por toda esta terra. Por volta de 1800, um pouco depois do incêndio em Edo em que você faleceu, precisamente em 1856 o Império do Japão renomeou Edo... Transferindo seu nome para... Tokyo. - Disse ela friamente.
Aquelas palavras invadiram minha mente violentamente, por um instante eu fiquei em choque, mas logo confusa.
-E-E-Então... Está é a cidade em que nasci... Aliás uma ilusão dela... Nos dias atuais? .
-De certa forma. Mas, agora que suas perguntas estão respondidas, quem fará as perguntas no momento sou eu. - Disse ela sem demonstrar reação.
Apenas afirmei com a cabeça, eu ainda tentava receber todas aquelas palavras que arrebentaram minha consciência de uma única vez.
-Oquê deseja de mim? - Perguntou Hoshikudaki seriamente.
Eu ainda me recuperava, e estava orientada, relembrei rapidamente oque eu desejava. Sussurei, porém foi suficiente para Hoshikudaki ouvir... .
-Poder... Busco alcançar... O estado Shikai... .
Ela ficou em silêncio, e logo riu.
-Perdeu tempo vindo me buscar... Aliás o poder não está em mim... Sou apenas a base que divide-o com você... O poder está em sua alma... Basta encontra-lo.
Meus olhos se espantaram, tentei dizer algo mas minha voz não saía, eu fiquei sem ar.
-E mais uma coisa... Não fique triste... Quando fica triste as luzes da torre se apagam, e eu não gosto da escuridão, então tente não se decepcionar... .
A garota se aproximou de mim, e colocou a mão em meu ombro sorridente.
-Acho que a busca pela resposta você já encontrou certo? Está na hora de partir... .
Hoshikudaki então, abaixou o rosto, eu podia ver lágrimas escorrerem de sua face, eu ouvi ela balbuciar algumas palavras, mas não pude-as ouvir. Não tenho certeza, mas ela recitou algum tipo de encantamento, pois quando eu menos percebi eu fui arremessada da torre por uma forte reiatsu. Eu caía na profunda cidade sombria, despencando lentamente eu observei o luar por um tempo. Senti meu corpo se chocar contra o chão, mas não senti dor, eu olhei as rachaduras da rua por um tempo, porém minha vista escureceu. E acordei encostada em uma pilastra do 6º Bantai. Sorri levemente. Olhei para o lado e o taichou-sama estava cabisbaixo olhando para o chão, provavelmente me esperando acordar. Fiquei olhando para o céu, o crepúsculo se aproximava, em um lindo céu alaranjado.